O Evangelho de Judas, um manuscrito do século terceiro encontrado no Egito há três décadas, está rodeado de uma série de circunstâncias questionáveis que a National Geographic não revelou ao transmitir o programa dedicado ao documento. Segundo informa o New York Times, a National Geographic afirma que o documento foi encontrado por alguns fazendeiros egípcios em uma gruta no final dos anos 70, foi vendido a um negociador e em seguida passou por várias mãos na Europa e nos Estados Unidos.
No ano 2000, a antiquarista suíça Frieda Tchacos Nussberger o comprou por 300 mil dólares e tentou em seguida vendê-lo a Beinecke Rare Book and Manuscript Library da Universidade de Yale nos Estados Unidos, mas o centro de estudos não quis adquiri-lo.
As autoridades não deram pormenores do motivo pelo qual não compraram o texto, mas o diário nova-iorquino indica que Robert Babcock, curador da mencionada biblioteca, indicou através de um porta-voz que “existem várias perguntas sem respostas sobre a proveniência do mesmo”.
Em 2001, Tchacos Nussberger vendeu o manuscrito a um antiquário por 2,5 milhões de dólares em Ohio, mas a venda não prosperou porque a casa não pôde cumprir os pagamentos. Ajudada por seu advogado, Mario Roberty, Tchacos obteve novamente o texto e o entregou à Fundação Maecenas, que o próprio Roberty havia estabelecido anos atrás.
A Fundação, dirigida exclusivamente por Roberty, se dedica a devolver antigüidades a seus países de origem, segundo afirmou ao jornal nova-iorquino. Também manifestou que quando Tchacos Nussberger entregou o texto à Fundação, Roberty se contactou com autoridades egípcias e lhes garantiu que devolveria o documento.
Com o auspício da Fundação, Tchacos Nussberger, de 65 anos, tem direito a receber dois milhões de dólares pelos projetos relacionados com o Evangelho de Judas. A quantia é equivalente ao que teria recebido do comprador de Ohio, menos o valor de várias páginas que chegaram a ser vendidas. Além disso, tem direito a um reembolso de 800 mil dólares que emprestou à Fundação para cobrir gastos judiciais e restaurar o códice.
A informação proporcionada pelo New York Times também dá conta da detenção de Tchacos Nussberger em uma investigação por roubo de antigüidades italianas que não se relacionam com o Evangelho de Judas. Ela e Roberty afirmam que o assunto não foi tão sério e que seus negócios na Itália e em outros lugares sempre foram legais.
National Geographic não comprou o documento. Na verdade, pagou um milhão de dólares à Fundação Maecenas pelos direitos de usar os conteúdos do manuscrito e divulgá-los. O jornal também descobriu que parte das rendas geradas pelos projetos da National Geographic, relacionados com o Evangelho de Judas, vão para a mencionada Fundação.
Não obstante, a National Geographic está realizando uma grande campanha em relação ao manuscrito: patrocina dois novos livros, gerou o documentário de televisão, promove uma exibição e o número de maio de sua revista está dedicado ao mesmo. Em um dos livros, escrito por Herbert Krosney –que levou o manuscrito à National Geographic– Tchacos Nussberger afirma que sua motivação é a convicção religiosa para salvar o documento.
Assim, o que temos por trás de todo o rebuliço criado ao redor do texto? Interesses milionários?
(fonte: Aci-Prensa, via
www.danilobadaro.com )